sábado, 30 de abril de 2011

Insha'Allah não volte a suceder!

Sempre esteve no meu imaginário mesmo antes de lá ter estado quando li o Sul onde o MST contava o imenso prazer que tinha em ler num qualquer café daquela Praça aquele que é o jornal com o título mais bonito do mundo - na realidade Le Matin du Sahara tem uma conotação de enlace com aquele lado do mundo que nos toca só de nele pensar...

Obviamente que depois de lá ter estado naquela cidade esta começou a ter, para mim, um sentido ainda mais "sentido", ainda mais especial.

A Jemaa el Fna é um lugar onde se cruzam as mais diversas energias, cores, sons ritmados, línguas e personagens que podemos apreciar de forma extasiada. A tudo isto acresce que a praça é o coração de uma das mais belas cidades, rodeada pelos imensos montes do Atlas com o seu topo carregado de branco, os seus souks, os chamamentos à hora da reza na Medina e villas onde brotam bungavílias com fontes onde jorra água fresca e nos proporcionam a desejada sombra que pede o ar abafado daquelas paragens. Não ºosso deixar de recordar também o frenesim inquieto do trânsito onde carros, motas e carroças se cruzam sem interromper a sua marcha, sem desvio dos seus destinos.

A cidade toca muitos dos turistas e principalmente viajantes que por lá passam e se cruzam com caras marcadas pelo Sol, cheias de rugas de felicidade e olhares que perscrutam qualquer ocidental que atravessa aquele lugar de fantasia.

Nas duas vezes que lá estive com um grupo de amigos aventureiros depois de atravessarmos Marrocos de lés a lés, senti o CTM - o hotel em que pernoitámos em Marraquexe - como um porto de abrigo
 em que podia observar durante noite e dia aquela praça fantástica ali mesmo a meus pés, que merecia todos os segundos que lá passei. Foi também aqui que percebi que por muito que goste do Norte, o Sul tem para mim uma magia com a qual mais me identifico e me faz sentir muitas vezes um vrai nomad, em que o Sagitário se evidencia.

Por tudo isto e porque são condenáveis as acções terroristas não posso deixar de lamentar as vítimas e condenar os terríveis atentados que sucederam no dia de ontem em Marraquexe naquele que é um local de culto, de comércio no verdadeiro sentido da troca que aquela possui de negociação entre oferta e procura, onde a luz nos proporciona cores quentes e torna o olhar mais fundo e sincero.

No café, que vi nas imagens da televisão completamente destruído, passei bons momentos de conversa a beber belos chás de menta e a fumar o kiff da zona. Um dia voltarei... obviamente, em Paz!
Insha'Allah!



 

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Eça in itinere

É sempre bom ler um livro do Eça!

Um livro de bolso de contos deste Homem que fez tremer a sua época com tantas histórias romanescas encharcadas de contornos políticos e fait divers da vida mundana tem acompanhado as minhas deslocações para o trabalho enquanto combato o sono matinal que me acompanha no autocarro.
E gosto deste formato de histórias mais curtas que encerram episódios de vidas através de alguma sátira e também um certo deboche de atitudes, sejam elas boas ou más, risíveis ou medonhas mas que nos levam a pensar que, por melhores que sejam as nossas intenções, estas poderão gerar opções nem sempre boas, de intepretação duvidosa dos seres dos outros.

Este Eça de distinto bigode, dividia o seu tempo entre o jornalismo e a advocacia, entre Lisboa, Porto, Coimbra, Havana, Newcastle e Bristol em tempos que corriam mais devagar, quando as deslocações serviam também para nos fazer reflectir em nós, nos outros, no trabalho e no ócio. Uma virtude daqueles que conseguem estar para além do seu tempo e que nos carregam de emoções...

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Sangue novo!

Cheguei a pensar (deriva do facto de acreditar de maneira absurda na resiliência da Humanidade) que iríamos ter agora outra perspectiva de vida, outra forma de estar mais condizente com a actual situação do país mas constato que tudo continua exactamente na mesma... até o Pinto de Sousa já se encontra na liderança das sondagens... valhos-nos (aos mais descrentes) o Sol deste país que nos permite continuar a encarar as coisas com algum espírito positivo.

As férias da Páscoa continuam a ser neste país "verdadeiramente católico" mais uma época em que a malta vai para banhos (ainda que estes sejam de chuva), independentemente de haver uns tipos que assentaram arraiais no Terreiro do Paço a espiolhar as contas do Tesouro para, ainda que legitimamente, nos lançarem restrições que mais cedo do que se espera terão um sério impacto na vida do comum dos mortais, fulano este - o comum dos mortais - que fica danado que lhe vão ao ordenado ou ao subsídio mas que pouco ou nada contribui para que o status quo se altere.

Efectivamente, hoje é dada tolerância de ponto à função pública para que se comece a gozar estes arrebatadores dias de época Pascal bem cedinho, de forma a que esta quinta feira que antecede uma tão desejaada sexta feira santa sirva para que se consiga alcançar a terrinha ou, com muito mais estilo, uns dias de descanso no Algarve a atropelar tudo e todos, enchendo as estradas de pouca paciência em prol do "tão merecido" descanso.

Tudo muda (é um dado permanente e imutável), nada se altera (em Portugal, vai sendo comum nos dias de hoje). Hoje, como amanhã, penso em construir. Construir algo que permita alicerçar o futuro com uma perspectiva diferente.

A propósito, não posso deixar de mencionar que estou deveras contente por estar quase a ser tio novamente. Venham os putos, como ideias novas, pois ainda que o futuro por estas bandas não se desenhe brilhante e risonho, é com eles que algo poderá mudar!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Vontade

Por incrível que pareça a vontade de escrever voltou e é neste momemto diametralmente oposta à vontade que tenho de trabalhar... estou a brincar até por que "eles andem aí"!
Um vento soprou e bafejou novamente a vontade de escrever umas palermices... novos ventos, novos desejos me levam a retornar a esta rota de prazer que é escrever umas coisitas...

Sei que m consideram um abusador, um aproveitador da boa vontade dos outros, mas o que escrevo não depende da boa vontade de ninguém nem mesmo da minha, embora se possa falar de um acto egoísta, de estrito prazer pessoal.

Deixo-vos aqui com um dos Grandes Mestres que abalou demasiado cedo:
http://www.youtube.com/watch?v=nGqPzrNypzw

Bold as Love é daquelas músicas que me marcou definitivamente... até me arrepia!

Homenagem à Amizade


Braz de seu nome, que trouxe ao Mundo a sua inspiração, que nos brindou com tantos momentos de Glória e Paixão, que arrebatou corações, que não poupou a tinta da sua pena a escrever poesia da mais bela e graciosa.

Braz luso, de palito ao canto da boca, na essência do seu ser, que visou e alcançou o Amor, as suas Deusas e a sua Música, que escreveu as notas que nunca se tornarão mudas - todos os seus seguidores sabem do que falo.

Nunca neste registo a sua alma foi lembrada, mas nunca por esquecimento, nunca por vazio na lembrança ou no coração, a sua recordação impera no meu ser, na minha forma de viver e de me dar com os outros.

Lembro os passeios na Meia Praia, as bebedeiras e a partilha constante que houve entre nós, tudo do bom e do melhor, tudo, mesmo tudo tinha uma forma especial de acontecer, em qualquer hora, dia e local.

As t-shirts que comprávamos na 67, as Doc Martens que percorreram a nossa adolescência, tão sã, pura e sincera como sempre foi a nossa amizade... até hoje, até amanhã, até sempre...

Tu marcas para sempre a minha vida, a minha presença neste lugar agreste em que me movo, sem que no entanto tivesse tido a oportunidade de te dizer um obrigado, és irmão, orgulho e amor! Poderia estar aqui a citar as inúmeras coisas que vivemos, lembrar a sinceridade do teu olhar e sentimentos e elogiar o Deus que para mim és na Música, na forma de estar e de te relacionar com os outros, mas tal vaidade da minha parte reservo-a de forma egoísta apenas para mim.

Aquele abraço (só a Ti) Irmão!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Get your moto runnin'

Quando dei por mim estava com o acelerador na mão direita e a embraiagem na esquerda e vi o instrutor virar-se para mim e para os outros e dizer: "Vamos então! Estão prontos?" Eu só precisava dessas palavras. Engatei a primeira e lá comecei descer a rua, quando dei por mim estava já a desfrutar de Lisboa de uma forma que nunca tinha tido oportunidade de o fazer... a sensação de deslocação com a maior liberdade deste mundo faz-nos esquecer quase tudo naqueles momentos em que a concentração se multiplica, em que nos cindimos com a máquina. O dia àquela hora estava bonito e posso dizer que adorei, primeira, segunda, terceira, brummm, tudo na maior das calmas, alguns nervos iniciais desaparecem quando a "bicha" está a rolar. Não que fosse uma grande máquina, deveria mesmo de ser das mais básicas, mas aquela 125 naquele momento encheu-me verdadeiramente as medidas.

Quando cheguei ao Parque das Nações era um puto que tinha experimentado um brinquedo novo. Tratei logo de pegar no telefone e ligar à Gordinha: "Môr estou extâse! Vim a bombar até à Expo!"

Acho que este dia é memorável. Mais uma etapa em que os receios ficam para trás, em que a adrenalina nos sobe à cabeça...mesmo a 40 km/hora!
Já no regresso pus-me a pensar que o D. adoraria ver o pai a andar de mota e por outro lado pensei que pode ser um exemplo perigoso para ele, mas ele saberá que o pai por mais chanfrado que seja gosta é da sensação de liberdade que consegue em cima de duas rodas algo completamente diferente do que se sente a conduzir um automóvel.