sábado, 20 de novembro de 2010

Pensando em ti junto ao cais

São muitas as vezes e as situações em que me apetece vir até aqui registar uma ideia ou um sentimento que me vai na alma e que por uma razão por vezes desconhecida não divulgo, retraindo-me a um segredo que é só meu.

No outro dia, passeando na rua de nenhures vi que olhavas para mim. Passei sem olhar como faço habitualmente, sem reconhecer o teu rosto ou madeixa de cabelo. Os dias passam...

Sei que olhas por mim qual anjo da guarda, às vezes volto àquela rua de nenhures e tu nem sempre estás lá, mas a verdade é que me sinto agora mais atento. Uma forma de saber que estou atento é também demonstrar uma desatenção vaga ao que me rodeia, olhar de forma penetrante no horizonte e não o descrever, porque o melhor fica cá dentro, mesmo no fundinho.

Hoje tenho pensado bastante em ti... estou numa vaga introspectiva, mas desassossegada, qual naufrago a pensar numa ilha como se o acesso à mesma distasse de apenas duas braçadas. E, no fundo, ele está no meio do mar sem ilha, sem rádio e sem forças.

Mais um dia. Mais uma hora. Mais um aperto no coração.
O que vale é que escrevo apenas palavras soltas que traduzem algo para mim inesperado.

Sei que conseguiria escrever uma obra de muitas páginas que só para mim faça sentido. Sei também que o que afirmei na frase anterior não é verdade, pois o leitor identificar-se-á sempre a si ainda que em pequenas coisas, num mero parágrafo de palavras soltas ou num mero casal de palavras.

Poderei estar aqui e ali ao lado. Poderei ser eu aqui e ali. Poderás ser tu a partilhar este texto comigo aqui e noutro sítio ermo sem o mesmo conforto, sem uma flor para te dar, e só um beijo te poderei conceder.

Solta-me este aperto no coração, preciso de beber da tua água, saborear os teus lábios e fazer-te uma carícia no cabelo a olhar-te profundamente. Quase que dou saltos, mas também me sinto quase desligado do resto como que sentado no cais a ver passar um cargueiro azul em direcção ao mar.

Vou...

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